Galvão Bueno abriu o jogo sobre os bastidores de sua saída da Globo em 2022, após mais de quatro décadas na emissora. Em entrevista, o narrador esportivo revelou ter considerado um desaforo a proposta de continuar na empresa mediante a apresentação de um projeto. O pedido foi feito quando se aproximava o fim do contrato de exclusividade que o impedia de narrar jogos na televisão aberta.
Segundo o apresentador, o desfecho estava planejado para ocorrer após a Copa do Mundo de 2022, sua 13ª cobertura do torneio. “O projeto todo era pra acabar no dia 31 de dezembro de 2022, dias após a minha 13ª Copa do Mundo (…) Era pra terminar por ali, talvez fazer alguma coisa. Eu tava começando a entender que o mundo da comunicação não era só mais televisão”, relatou para a Folha de S.Paulo.
No entanto, houve uma reviravolta nos bastidores. “Quando chegou na véspera, o Amauri Soares [diretor executivo da TV Globo] me pediu pra fazer umas gravações, dizendo que eu não estava indo embora. Eu falei: ‘Mas acabou’. Houve uma conversa sobre o que fazer nos próximos dois anos”, contou. Durante esse período, Galvão Bueno esteve sob contrato de “no compete”, que impedia transmissões em TV aberta.
Ao término dessa fase, a direção da Globo questionou se o narrador gostaria de propor algo para seguir vinculado ao canal. “Eu achei isso um pouco de desaforo. Um pouco de falta de elegância. Eu ter que apresentar um projeto depois de 43 anos de sucesso? ‘Você tem algum projeto?’ [perguntaram]. Eu tenho: ir embora”, ironizou Galvão Bueno, insatisfeito com a abordagem da emissora.
Apesar da crítica, o narrador também reconheceu a importância da emissora em sua carreira. Ele afirmou ter vivido uma relação de parceria ao longo de mais de 40 anos, mesmo com momentos de divergência. “A Globo é uma casa espetacular. A Globo me deu tudo, tudo em que eu podia me formar como profissional. Tivemos nossas rusgas, lógico, mas foram anos muito bacanas. Mas existe vida inteligente fora da Globo”, afirmou.
Atualmente, Galvão Bueno está à frente do programa Galvão e Amigos, exibido pela Band. Ele também relembrou a frase de Jô Soares (1938-2022), usada quando o humorista trocou a Globo pelo SBT em 1988. “Porque também existe vida inteligente fora da Globo”, citou, endossando que a decisão de deixar a emissora abriu novas possibilidades para sua atuação no mercado da comunicação.
